sábado, 27 de junho de 2009

A educação é um processo social. É a própria vida.

Impressionante como o preconceito instala-se desde cedo.
http://www.youtube.com/watch?v=PKqSPf-hKR4
Ele começa na família e na cultura geral e até nos mais
jovens que julgávamos estarem imunes, ela insinua-se sorrateiramente…

Uma experiência para ser reflectida pelos
pais e educadores gerais.
Preconceito racial é o que mais se abrange em todo o mundo, pois as pessoas julgam as demais por causa de sua cor, ou melhor, raça.
Educação gera conhecimento, conhecimento gera sabedoria,e, só um povo sábio pode mudar seu destino.
http://www.youtube.com/watch?v=dergWtU1tnE
Vejo no rosto dos jovens um fio de otimismo e alegria, como lamparina dentro do coração e que pode ser transmitido aos outros.
O racismo é uma luta pela liberdade. Pois a liberdade também passa pela aceitação de pessoas diferentes de nós mesmos.
Saber aceitar os outros, saber aceitar as diferenças dos outros, tudo isso faz parte da Lei da Vida.


Muitas pessoas não o compreendem e teimam em desrespeitar essas pessoas. Porque a cor da pele muitas vezes fala mais alto do que o coração. Porque apenas por ser diferente, ou por pensar de maneira diferente se torna ele próprio um ser DIFERENTE e posto de parte na sociedade.
Terminando:
O racismo é uma invenção humana, relativamente moderna e que, julgo eu, não é inevitável.

Andréa S2

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Faça JÁ a sua parte !

Seja como for, a grandiosa Revolução Humana de uma única pessoa irá um dia impulsionar a mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade.

Os sonhos precisam ganhar força e isso somente ocorre quando ele passa da imaginação para o papel e ganham um formato mais concreto.

Dê formas, cores, valores, tamanhos. Veja se são realmente importantes para sua vida e principalmente, defina datas: para o início e para o término, mas lembre-se que datas possuem um dia, mês e ano.

Transforme o sonho em um objetivo, pois são eles que nos dão a força para agirmos e persistirmos, os nossos motivos para ação, a motivação que precisamos.




O grande diferencial dos vencedores e das pessoas de sucesso, é o sonho que tiveram, a forma como transformaram esse sonho em objetivo de vida e a coragem e a iniciativa para agir.


Os sonhos, sem dúvida, representam o primeiro passo das grandes realizações, portanto fixe bem os pés no nosso mundo, mas mantenha sua cabeça nas nuvens. Sonhe sempre !!! Sonhe com uma vida melhor para você, um mundo mais digno e justo e um Brasil cada vez mais vencedor.


Uma das fraquezas da mente que mais acometem-nos é o desânimo. Há pessoas que têm planos, sonhos – muitos dos quais muito bons e nobres – mas que, ao primeiro percalço, simplesmente desistem.

Para alcançar grandes sonhos, não podemos dispensar as forças do amor, da fé, da esperança – e juntarmos a elas a perseverança.

Não é só no trabalho profissional que encontramos grandes possibilidades de realizações. Seja voluntário em uma causa nobre, você certamente encontrará novos desafios!


Quem são os sujeitos de EJA???

EJA - Espaço de tensão e aprendizado

Formação de jovens e adultos como sujeitos da história - REALIDADE

Negros, brancos, mulheres, idosos, trabalhadores empregados ou desempregados, livres ou em privação de liberdade, pessoas com necessidades educacionais especiais...


Pensar sujeitos da EJA é trabalhar com e na ------ > Diversidade

A desigualdade tem sido a marca da diversidade em nosso país.

Desafio a ser superado pela sociedade brasileira.


Exigência das políticas de Estado para superar a desigualdade.

EJA e cultura ---- > Um desafio a ser cumprido - > ao que já é produzido e ao que se continua a produzir como representação ou visão da realidade, por meio da música, da expressão corporal, da dramaturgia, da produção textual, da produção artesanal, entre outras.

O que importa é a realidade do educando, levando-se em conta suas experiências, suas opiniões e sua história de vida.
"Ninguém nasce feito, é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos". Paulo Freire

Brasil concentra mais de um terço dos analfabetos da América Latina






14 milhões de pessoas não sabem ler e escrever!

Dados da Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação, indicam que em todo o mundo vivem 800 milhões de adultos não alfabetizados. Desse total, 35 milhões estão em nações latino-americanas. O Brasil – que é o país mais populoso da região – também concentra mais de um terço da população analfabeta da América Latina.




O Brasil ocupa a 14ª posição, em um total de 19 países.
Será que o Brasil vai poder gastar uma década para superar suas deficiências quantitativas para só então entrar no campo da qualidade da educação? Temos de queimar etapas e encurtar distâncias, pois os países mais avançados continuarão fazendo pesados investimentos nesse campo, o que os manterá dominando os conhecimentos e as tecnologias, tirando as melhores vantagens da globalização.

nota:
Há fatos que podem passar despercebidos. Outros, sabiamente, uma vez que aconteceram servirão de grandes e inesquecíveis lições de vida.

domingo, 7 de junho de 2009

Cultura popular

A Nossa visão acerca da cultura popular está alinhada na perspectiva de uma visão de mundo bem específica, ou seja, está intimamente ligada à vida das pessoas, às atividades que elas desenvolvem, e por ultimo, ao seu trabalho. Essa cultura precisa sim, ser valorizada e respeitada, mas isso só acontecerá se for possível e claro, esteja presente na escola.

Segue um depo de Antonio Cícero de Souza.

... Agora, o senhor chega e pergunta: "Ciço, o que é educação? " Tá certo. Tá bom. O que eu penso, eu digo. Então veja, o senhor fala: "Educação"; daí eu falo: "educação". A palavra é a mesma, não é? A pronúncia, eu quero dizer. ë uma só: "Educação". Mas então eu pergunto pro senhor: "É a mesma coisa? É do mesmo que a gente fala quando diz essa palavra?" Aí eu digo: "Não". Eu digo pro senhor desse jeito: "Não, não é". Eu penso que não.
Educação... quando o senhor chega e diz "educação", vem do seu mundo, o mesmo, um outro. Quando sou eu quem fala vem dum outro lugar, de um outro mundo. Vem dum fundo de oco que é o lugar de vida dum pobre, como tem gente que diz. Comparação, no seu essa palavra vem junto com que? Com escola, não vem? com aquele professor fino, de roupa boa, estudado; livro novo, bom, caderno, caneta, tudo muito separado, cada coisa do seu jeito, como deve ser. Um estudo que cresce e que vai muito longe de um saberzinho só de alfabeto, uma conta aqui e outra ali. Do seu mundo vem um estudo de escola que muda gente em doutor. É fato? Penso que é, mas eu penso de longe, porque eu nunca vi isso por aqui.
Então quando o senhor vem e fala a pronúncia "educação", na sua educação tem disso. Quando o senhor fala a palavra conforme eu sei pronunciar também, ela vem misturada no pensamento muito com isso tudo; recursos que no seu mundo tem. Uma coisa assim como aquilo que a gente conversava outro dia, lembra? Dos evangelhos: "Semente que caiu em terra boa e deu fruto bom".
Quando eu falo o pensamento vem dum outro mundo. um que pode até ser vizinho do seu, vizinho assim, de confrontante, mas não é o mesmo. A escolinha cai-não-cai ali num canto da roça, a professorinha dali mesmo, os recursos tudo como é o resto da regra de pobre. Estudo? Um ano, dois, nem três. Comigo não foi nem três. Então eu digo "Educação" e penso "enxada", o que foi pra mim.
Porque é assim desse jeito que eu queria explicar pro senhor. Tem uma educação que vira o destino do homem, não vira? Ele entra ali com um destino e sai com outro. Quem fez? Estudo, foi estudo regular: um saber completo. Ele entra de um tamanho e sai do outro. Parece que essa educação que foi a sua tem uma força que ta nela e não ta. Como é que um menino como eu fui mudá num doutor, num professor, num sujeito de muita valia?
Agora se eu quero lembrar da minha: "enxada". Se eu quero lembrar: "trabalho". E eu hoje só dou conta de um lembrarzinho: a escolinha, um ano, dois, um caderninho, um livro, cartilha? Eu nem sei, eu não lembro. Aquilo de um bê-a-bá, de um alfabetozinho. Deu pra aprender? Não deu. Deu pra saber escrever um nome, pra ler uma letrinha, outra. Foi só. O senhor sabe? Muito companheiro meu na roça, na cidade mesmo, não teve nem isso. A gente vê velho aí pra esses fundos que não sabe separar um A dum B. Gente que pega dum lápis e desenha o nome dele lá naquela dificuldade, naquele sofrimento. Mão que não foi feita pro cabo da enxada acha a caneta muito pesada e quem não teve prazo de um estudozinho regular quando era menino, de velho é que não aprende mais, aprende? Pra quê? Porque eu vou dizer uma coisa pro senhor: pra quem é como esse povo de roça o estudo de escola é de pouca valia, porque o estudo é pouco e não serve par fazer da gente um melhor. Serve só pra gente seguir sendo como era, com um pouco de leitura.
O senhor faz pergunta com um jeito de quem já sabe a resposta. Mas eu explico assim. A educação que chega pro senhor é a sua, da sua gente, é pros usos de seu mundo. Agora, a minha educação é a sua. Ela tem o saber da sua gente e ela serve pra que mundo? Não é assim mesmo? A professora da escola dos seus meninos pode até ser uma vizinha sua, uma parente, até uma irmã, não pode? Agora, e a dos meus meninos? Porque mesmo nessas escolinhas de roça, de beira de caminho, conforme é a deles, mesmo quando a professorinha é uma gente daqui, o saber dela, o saberzinho dos meninos, não é. Os livros, eu digo, as idéias que têm ali. Menino aqui aprende na ilusão dos pais; aquela ilusão de mudar com estudo, um dia. Mas acaba saindo como eu, como tantos, com umas continhas, uma leitura. Isso ninguém vai dizer que não é bom, vai? Mas pra nós é uma coisa que ajuda e não desenvolve.
Então, "Educação". ë por isso que eu lhe digo que a sua é a sua e que a minha é a sua. Só que a sua lhe fez. E a minha? Que a gente aprende mesmo, pros usos da roça, é na roça. É ali mesmo: um filho com o pai, uma filha com a mãe, com uma avó. Os meninos vendo os mais velhos trabalhando.
Inda ontem o senhor me perguntava da Folia de Santos Reis que a gente vimos em Caldas: "Ciço, como é que um menino aprende um cantorio? As respostas?" Pois o senhor mesmo viu o costume. Eu precisei lhe ensinar? Menino tão ali, vai vendo um, outro, acompanha o pai, um tio. Olha, aprende. Tem inclinação prum cantorio? Prum instrumento? Canta, ta aprendendo; pega, toca, ta aprendendo. Toca uma caixa (tambor da folia de reis), ta aprendendo a caixa; faz um tipe (tipo de voz do cantorio), ta aprendendo cantar. Vai assim, no ato, no seguir do acontecido.
Agora, nisso tudo tem uma educação dentro, não tem? Pode não ter um estudo. um tipo dum estudo pode ser que não tenha. Mas se ele não sabia e ficou sabendo é porque no acontecido tinha uma lição escondida. Não é uma escola; não tem um professor assim na frente, com o nome "professor". Não tem... Você vai juntando, vai juntando e no fim dá o saber do roceiro, que é um tudo que a gente precisa pra viver a vida conforme Deus é servido.
Quem vai chamar isso aí de uma educação? Um tipo de um ensino esparramado, coisa de sertão. Mas tem, não tem? Não sei. Podia ser que tivesse mais, por exemplo, na hora que um mais velho chama um menino, um filho. Chama num canto, fala, dá um conselho, fala sério um assunto: assim, assim. Aí pode. Ele é um pai, um padrinho, um mais velho. Na hora ele representa como um professor, até como um padre. tem um saber que é falado ali naquela hora. Não tem um estudo, mas tem um saber. O menino baixa a cabeça, daí ele escuta; aprendeu, às vezes não esquece mais nunca.
Então vem um e pergunta assim: "O Ciço, o Antônio Ciço, seus meninos tão recebendo educação? "Que seja um padre, que seja o senhor. Eu respondo: "Homem, uma eles tão. Em casa eles tão, que a gente nunca deixa de educar um filho conforme os costumes. Mas educação de estudo, fora os dois menorzinhos, eles tão também, que eles tão na escola". Então que dizer que é assim: tem uma educação - que eu nem sei como é que é mesmo o nome que ela tem - que existe dentro do mundo da roça, entre nós. Agora, tem uma - essa é que se chama mesmo "educação - que tem na escola. essa eu digo que é sua. É a educação que eu digo: "de estudo", de escola; professora, professorinha, coisa e tal. Daqui, mas de lá.
A gente manda os meninos pra escola. Quem é que não manda? Só mesmo um sujeito muito atrasado. Um que muda daqui pra lá a toda hora. Um outro que mora aí, pros fundos de um sertão, longe de tudo. A gente manda, todo mundo por aqui manda menino pro estudo. é longe, o senhor viu, mas manda. Podiam tá na roça com o pai, mas tão na escola. Mas quem é pobre e vive nessa descrença de trabalhar dum tanto, a gente crê e descrê. Menino desses pode crescer aí sem um estudozinho que seja, da escola? Não pode. Eu digo pro senhor, não pode. O meu saberzinho que já é muito pouco, veio de aprender com os antigos, mais que da escola; veio a poder de assunto, mais do que de estudo regular. Finado meu pai já vivia assim. Mas pra esses meninos, quem sabe o que espera? Vai ter vida pra eles na roça todo tempo? Ta parecendo que não. E, me diga, quem é quem na cidade sem um saberzinho de estudo? Se bem que a gente fica pensando: "O que é que a escola ensina, meu Deus?". Sabe? Tem vez que eu penso que pros pobres a escola ensina o mundo como ele não é.
Agora, o senhor chega e diz, "Ciço, e uma educação dum outro jeito? um saber pro povo do mundo como ele é?" Esse eu queria ver explicado. O senhor fala: "Eu tô falando duma educação pro povo mesmo, um tipo de uma educação dele, assim, assim". Essa eu queria saber como é. Têm? Aí o senhor diz que isso bem podia ser feito; tudo junto: gente daqui, de lá, professor, peão, tudo. daí eu pergunto: "Pode? pode ser dum jeito assim? Pra quê?, Pra Quem?

Antônio Cícero de Souza
Lavrador de sítio na estrada entre Andradas e Caldas, no sul de Minas Gerais. Também dito
Antônio Ciço, Tonho Ciço e, ainda, Ciço.